Iniciativa

Um dia para esquecer um livro e estimular a leitura

Iniciativa mundial foi replicada nas ruas do município pelo Coletivo Autores de Pelotas, na tarde de ontem

Fotos Carlos Queiroz - DP - Escritores do Coletivo Autores de Pelotas se prontificaram a participar da ação

Na tarde desta quinta-feira (2), se alguém encontrou um livro pousado sobre um banco na parada de ônibus, de alguma praça ou sobre a mesa de um restaurante e ficou constrangido de, ao menos, dar uma olhada, talvez tenha perdido uma ótima oportunidade. O fato insólito pode não ter sido fruto de uma distração do seu portador e sim de um abandono voluntário feito pelo próprio escritor que atendeu a um chamado de incentivo à leitura.

Escritores do Coletivo Autores de Pelotas foram alguns desses que se juntaram a uma campanha divulgada pelas redes sociais e foi às ruas para "esquecer um livro". Sim, a ação era essa mesma: deixar propositalmente uma obra literária em via pública para ser vista, manuseada e lida. Uma iniciativa muito bem-vinda em uma cidade em que 48,9% da população não tem o hábito de ler, segundo dados levantados pelo Instituto Pesquisas de Opinião (IPO), no ano passado.

A escritora e jornalista Joice Lima conta que a ação, deste dia 2 de março, existe há bastante tempo e é inspirada em uma atividade que começou nos Estados Unidos chamada Book Crossing, de 2001. A prática consiste em deixar um livro em um local de grande circulação para que outros o peguem, leiam e passem a diante. E mesmo quem não tem o hábito de ler está convidado a manter a circulação de obras, basta passar para um amigo ou parente que gosta de ler.

"Nossa iniciativa é bem modesta é para realmente estimular a leitura. A gente quer deixar um livro e contribuir para a formação de público leitor. De repente alguém que nunca leu um livro pode se interessar e tem pessoas que não tem condição de comprar", comentou a escritora.

Bilhete na capa

Para desinibir quem por acaso se encontrou com a publicação, os escritores do Coletivo escreveram um bilhete carinhoso e o juntaram à obra, explicando a ação. "Tem muita gente que não pega, pode pensar que alguém esqueceu, tanto que o nome da iniciativa é 'esqueça um livro', por isso falei pro pessoal colocar na capa", explicou Joice.

Junto com a autora estavam outros escritores do Coletivo, J. Gonçalves, Beatriz Mecking, Helena Manjourany e Deco Rodrigues. "É importante (a iniciativa) para incentivar a leitura e, no nosso caso, é um autor local que está abandonando o seu livro, é uma maneira de conquistar novos leitores, além de ser gratificante", comentou Deco Rodrigues.

Exemplo para outros

A expectativa de Rodrigues é de que o futuro leitor ou leitora da sua obra siga o exemplo e também a ofereça para outro interessado. "A ideia é essa, tomara que a pessoa leia e tenha esse instinto de indicar para um amigo. Com a maioria dos livros deveria ser assim, deveríamos ter a sua coleção mais querida, mas não tem porque guardar todos", disse. Para o escritor essa é uma ação que também deveria ser adotada por leitores. "Daqui a pouco temos dois ou três livros que já lemos e que poderíamos passar para outros", disse.

Joice, autora de seis livros, por exemplo, deixou uma destas obras - Amor doentio de mãe (2006) - em uma parada de ônibus na rua General Osório e ficou observando. De longe viu uma senhora folhear a publicação e foi conversar com ela. A idosa aprovou a iniciativa e resolveu levar a obra para casa para lê-la, para satisfação da autora.


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